Miúdos e Graúdos: o jogo do braço de ferro – Sala cheia e conversa muito participada

No âmbito da parceria com a Clínica Mim, a Bogalha acolheu mais uma sessão do Ciclo conduzido pelo Dr. Paulo Coelho, psicólogo especialista em Infância e Adolescência.

Depois das Birras à Mesa e do Reforço Positivo, temas abordados nas últimas palestras, foi a vez de nos debruçarmos sobre oposição, indisciplina e definição de limites.

Perante um auditório repleto de pais e membros da equipa técnica, o Dr. Paulo Coelho começou por sublinhar que a desobediência e a oposição são comportamentos absolutamente normais em qualquer criança saudável, afastando qualquer associação direta a eventuais patologias do foro psicológico. O orador, que apresentou um conjunto de práticas para evitar, contornar e resolver situações de “braço de ferro”, lembrou que qualquer estratégia só faz sentido num contexto familiar onde estejam asseguradas para a criança as naturais necessidades de atenção positiva, recuperando assim algumas das ideias-chave da palestra anterior.

Ao longo da sessão, que decorreu, como habitualmente, num ambiente aberto e informal, foram lançadas muitas interpelações ao público, com os pais e educadores a partilharem episódios na primeira pessoa.

Cada um dos presentes foi convidado a olhar para a forma como transmite as ordens, já que é muitas vezes por aí que o conflito é despoletado, explicou o Psicólogo, antes de lançar um dado que provocou rostos de espanto e autocrítica, para além de muitas gargalhadas. De acordo com alguns estudos, avançou, os adultos dão às crianças “uma média de 17 ordens no espaço de meia-hora”, o que, avisou, só provoca confusão e frustração aos mais pequenos. Assim, o especialista chamou a atenção para a necessidade de dar “uma ordem de cada vez”, procurando transmiti-lo de forma clara e firme e tendo o cuidado de exigir tarefas exequíveis e adequadas à maturidade e às circunstâncias da criança.

De acordo com o Dr. Paulo Coelho, estes detalhes podem ser determinantes para minimizar situações de conflito e desobediência. Mas isso não significa que a criança deixe de procurar a atenção dos pais, recorrendo a birras e outros comportamentos, sobretudo se estes se mostrarem eficazes. Assim, o psicólogo aconselhou os presentes a manterem a calma nestas situações e, salvo quando esteja em causa a integridade física da criança, a ignorarem os gritos, os caprichos e o praguejar até que a criança deixe de ver essas estratégias como forma de obter o que pretende e aprenda a utilizar outras.

Todas as sugestões avançadas foram despertando novas questões por parte do auditório, uma dinâmica que ajudou a trabalhar na prática os conceitos desenvolvidos, explorando-os e adaptando-os a cada exemplo pessoal.

Mais uma vez, a palestra constituiu um momento de grande enriquecimento para pais e educadores, permitindo, a partir da reflexão conjunta e da troca de ideias, encontrar novas respostas para os grandes desafios com que todos nos deparamos na enorme e maravilhosa tarefa de educar.

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